terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ferdinand de Saussure e suas contribuições para o surgimento do ESTRUTURALISMO

A princípio da minha análise, gostaria de dizer que as concepções de Ferdinand de Saussure foram importantes para o desenvolvimento da Linguística como ciência. Assim, é considerado por muitos estudiosos o fundador da Linguística Moderna. Como obra fundadora desses estudos temos o Curso de Linguística Geral (CLG), tido como "farol" das ciências humanas, ou seja, considerada uma ciência piloto.

Assim, começamos nossa análise considerando uma filosofia da linguística, no qual, insere-se pensamentos contrários em relação ao CLG. Assim, temos uma análise voltada para três Saussures:

- Anagramas: (Encontramos o estudo dos anagramas no livro: As palavras sob as palavras, Jean Starobinski)

Nos estudos que envolvem os anagramas, temos a presença do SUJEITO e da HISTÓRIA. Sobre esses pensamentos observamos a presença de dois sistemas que funcionam concomitantemente, ou seja, funcionam tanto na sua materialidade linguística quanto na sua materialidade histórica, expressando determinada intencionalidade do sujeito.
De um Anagrama tem-se o processo que dá origem ao Hipograma (palavra tema)

Exemplo: AD MEA TEMPLA PORTÃTO ( Ordem Linguística)---------> Anagrama

APOLO (Ordem Histórica) --------> Hipograma

Observação: Os anagramas fazem parte do pensamento GALILEICO, ou seja, os temas são desenvolvidos a partir de uma teoria juntamente com sua experimentação. Seria uma proposta de uma ciência moderna.

-CLG (Curso de Linguística Geral): "PENSAMENTO PRONTO E ACABADO"

A priori, tem-se a questão da autoria do CLG. A princípio é posto como autor Ferdinand de Saussure; Charles Bally e Albert Sechehaye como editores, porém isso não é verdade. Como fundadores do Curso foram Bally e Sechehaye. De acordo com estudiosos (como por exemplo Meillet), Saussure nunca teria deixado o CLG ser publicado, pois não eram verdadeiramente os seus pensamentos. Segundo seus conceitos, Ferdinand de Saussure, pretenderia criar uma Semântica ou Semiologia de Valores.
O Curso de Linguística Geral representa um recorte no pensamento Saussuriano. Nessa concepção, notamos a total exclusão dos componentes históricos e ao mesmo tempo o sujeito não é levado em consideração. O CLG foi produzido através do pensamento ARISTOTÉLICO, ou seja, tem um argumento de autoridade, no qual, existe uma estrutura e é a partir dela seguem uma certa hierarquia. Assim, nessa forma de pensamento, destaca-se uma análise só com base na sua teoria.

- Manuscritos: ( estudos desenvolvidos no Escritos de Linguística Geral)
O ELG, também, está inserido no pensamento GALILEICO, visando uma análise com base na sua teoria e experimentação.


Entretanto, há um ponto que essas três concepções se coincidem:
Tanto os anagramas, o CLG e os manuscritos não trabalham com a ideia da exterioridade, ou seja, os signos são estudados nas relações entre os termos linguísticos propriamente ditos.

De acordo com alguns estudos, Saussure deixa de analisar três elementos fundamentais. São eles: O Sujeito, a História e o Referente. Esses estudos marcados pela exclusão é desenvolvido dentro de um modelo de ciência vigente, pautada nas teorias positivistas. Assim, podemos dizer que foi essa teoria positivista que definiu a exclusão de Saussure sobre os elementos mencionados. Entretanto, segundo Simon Bouquet, esse recorte é feito apenas pelo CLG, ou seja, quem realmente pensa nisso são os quem criaram o CLG: Bally e Sechehaye e não Saussure, pois ele não exclui o SUJEITO e a HISTÓRIA.
Com isso, Saussure do CLG e Saussure do ELG propõem a concepção de Signo linguístico dentro de um conceito diádico, no qual, consideram o sentido na sua relação interna entre significante e significado e não externamente. Enquanto que no CLG há a consideração de uma arbitrariedade para o significante e uma arbitrariedade para o significado; para o ELG há apenas uma arbitrariedade para o todo do signo, ou seja, o significante e o significado.
No século V a.C, a concepção de signo era vista como triádica, ou seja, a composição do signo era a forma de um triângulo, levando em consideração o significante, o significado e o referente.

Dentro das suas definições, Ferdinand de Saussure considerou como formas de estudo dos signos em geral a semiologia, no qual, abarcava todas as formas de linguagens e dentro dessa semiologia dos signos destacava-se a Linguística preocupada com o estudo da linguagem verbal.
Assim, o Saussure do CLG propôs o conceito de dicotomias. Dicotomias, estas, que designam a divisão lógica de um conceito em dois, de modo que se obtenha um par opositivo, destacando-se a LANGUE da PAROLE.
Como dicotomia principal, temos :

Langue/Parole

Para Saussure do CLG a língua é um sistema de valores, no qual, caracteriza todas as relações dos sujeitos.
Na Langue, destaca-se uma coletividade relacionada com a sistematização de regras da língua. Trata-se de um estudo voltado para avaliar os componentes gramáticais.
Como Parole, destaca-se o individual, ou seja, a maneira da produção dos enunciados é de forma particular de cada sujeito empregando a língua de acordo com sua necessidade.
Para os estruturalistas, dedicou-se mais um estudo voltado para a Langue, deixando de considerar a Parole.
É na Langue que encontramos a sincronia e diacronia, no qual, desenvolveu-se um estudo diacrônico; durante a fase anterior do estruturalismo e durante os estudos Saussurianos do curso de linguística geral considerou-se a sincronia como forma de análise.
Todavia, segundo estudos de Bouquet, Saussure dos ELG consideraram um estudo da língua e da fala de maneira mais próxima, caracterizando como uma dupla essência da linguagem, capaz de simbolizar a construção de uma realidade e não de traduzir a mesma. Como simbolizar, destaca-se a capacidade de nós interpretarmos signos que não existem.

OBSERVAÇÃO: Apesar de haver várias concepções dos pensamentos de Ferdinand de Saussure, é importante considerar um estudo da língua num aspecto de totalidade e saber que existem diferentes formas de análise de Saussure: Saussure dos ANAGRAMAS, Saussure do CLG e Saussure dos ELG.


Referências:
-Anotações minhas feitas em sala de aula
Disciplina: Epistemologia da Linguística;

-Mini-Curso Filosofia da Linguística: de um pseudo Saussure no CLG ao Saussure dos ELG.
( 8ª Jornada Científica e Tecnológica da UFSCar 2009).


sábado, 12 de setembro de 2009

Objeto e Campo teórico da Linguística

Ainda tomando o livro Ensaios de Filosofia da Linguística, mais especificamente o capítulo 2, observamos que o autor se detém em estudos de duas vertentes. São elas: Nocional e Filológica.

- A Vertente Nocional
É uma vertente que vai analisar a linguagem de um ponto Som/Sentido, representando-a como linguagem do mundo.

Representantes:
Platão, Aristóteles, os Estóicos (na Grécia Clássica), os gramáticos de Port-Royal e demais linguístas cartesianos.

- A vertente Filológica
Essa vertente admite algumas variações, desde que considere-se a questão prescritivo-normativo. Neste modelo pretende-se preservar formas de língua tidas "Clássicas", dedicando-se a formas de descrição muito detalhada.

Representantes:
Gramáticos Alexandrinos, Prisciano (século V), Aelfric (séculoX), os vernaculistas do século XVI.

É importante mencionar nessas anotações que ambas as vertentes não são, num certo sentido, mutualmente exclusivas, ou seja, ambas as vertentes sofrem influências umas das outras, havendo uma série de "intersecções" entre elas.

Referência:
- Anotações minhas feitas em sala de aula.

sábado, 5 de setembro de 2009

Concepções de Chomsky

Chomsky foi um grande estudioso do gerativismo. Ele tratava as questões da linguagem de uma maneira diferentes dos estudiosos do estruturalismo. Dentro de suas concepções, temos:

-A linguagem era adquirida através do ESTÍMULO e RESPOSTA, ou seja, as crianças já nasciam pré-dispostas à linguagem;
-De acordo com Chomsky, os sujeitos seguem as regularidades da língua, ou seja, eles sabem o que estão dizendo;
-Chomsky questiona as questões estruturalistas;
-Segundo ele, os enunciados são produzidos dentro de uma Estrutura Superficial e uma Estrutura Profunda, ou seja, através da análise, pode-se fazer uma dupla possibilidade de leitura. Assim, Chomsky está preocupado em analisar o nível sintático dos enunciados. É importante destacar que para os estruturalistas americanos há apenas uma análise da estrutura superficial.

Universais Linguísticos segundo Chomsky:

-Recursividade

É a produção de sentenças complexas a paritr de sentenças simples. Segundo Chomsky, a capacidade de produzir sentenças complexas é inerente ao sujeito, ou seja , já é próprio de sua natureza.

-Todas as línguas têm um sujeito e predicado.

Assim, do estudo das teorias de chomsky, podemos inferir que a base de todas as suas proposições é o Dedutivismo, ou seja, é formular uma hipótese sem considerar uma análise empírica.

Observação:
Chomsky faz uma crítica ao estruturalismo de Bloomfield e não de Saussure.


Referência:
Anotações minhas feitas em Sala de Aula segundo capítulo 2 do livro: Ensaios de Filosofia da linguagem ( O que trata a Linguística, Afinal ?)
Disciplina: Epistemologia da Linguística.

Epistemologia da Linguística

Dentro dos estudos linguísticos desenvolveu-se grandes movimentos preocupados em analisar as questões da língua. São eles: Estruturalismo, Gerativismo, Funcionalimo e Materialismo Histórico.
Assim, com o desenvolvimento da epistemologia linguística procurou-se explicar as diferentes teorias do conhecimento através de estudos epitemológicos.
Segundo Thomas Khun, esses movimentos constituem grandes Paradigmas que representam diferentes concepções epistemológicas. De acordo com sua teoria, cada movimento é um paradigma que engloba todas as suas análises específicas em torno da linguagem. Com isso, dizia que cada paradigma era posto em um momento epistemológico único não sendo influênciado por outros movimentos, ou seja, cada "campo do saber" assume seu papel epistemológico sobre as teorias linguísticas. Após o paradigma do estruturalismo vinha o paradigma do gerativismo, paradigma do Materialismo Histórico e finalmente o paradigma do Funcionalismo ( formas de se pensar a linguagem quanto escolas, vertentes de estudo), não havendo relação entre as concepções. Os Estudos eram feitos somente dentro de seus paradigmas e toda vez que mudava-se o mesmo fazia um corte epistemológico representando uma nova forma de tratar as questões da língua.
Já Lactus, em contraposição de Thomas Khun, dizia que esses paradigmas eram influênciados uns pelos outros. Segundo Lactus, os paradigmas estão em convivência. As teorias que não davam conta de explicar todas as questões da línguas eram levadas em consideração pelos outros movimentos, buscando aprofundar-se mais sobre determinados conceitos.


Referência:
Anotações minhas feitas em Sala de Aula.
Disciplina: Epistemologia da Linguística