quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A Corrente Funcionalista

O Funcionalismo é uma corrente linguística que se preocupa em estudar a relação entre a estrutura gramatical das línguas e os diferentes contextos comunicativos em que elas são usadas, ou seja, busca-se compreender a língua no seu uso com base num instrumento de interação social, alinhando-se, assim, à tendência que analisa a relação entre linguagem e sociedade. Seus interesses vão além da investigação linguística da estrutura gramatical, buscando uma situação comunicativa.

Partirei agora para análise de um estrutura gramatical com base nos princípios desenvolvidos por cada escola do conhecimento sobre as questões da linguagem ( Estruturalismo, Gerativismo, Materialismo Histórico e finalmente o Funcionalismo).

A princípio destaco como uma estrutura é analisada por meio da normatividade

Os sem terra invadiram a fazenda

Nessa frase podemos observar, no ponto de vista prescritivo, a presença do sujeito, verbo e predicado. De acordo com a norma da gramática tradicional temos a língua como expressão do pensamento.

Agora, tomo o mesmo exemplo para explicar os princípios desenvolvidos nas outras escolas.

ESTRUTURALISMO:

Os sem terra invadiram a fazenda

A partir da visão estruturalista, encontramos nessa frase um sintagma nominal e um sintagma verbal, no qual tenta descrever a língua tal como ela se apresenta. Nesse momento, temos a língua considerada como um sistema de signos.

GERATIVISMO:
Os sem terra invadiram a fazenda

Com base numa sentença oracional, tenta-se explicar a estrutura por meio dos sintagmas nominais e verbais por meio de regularidades na língua dentro de um ponto de vista sintático, numa ordem padrão. Nesse momento temos a língua tida como uma faculdade de linguagem, ou seja, a linguagem é inata nos seres humanos.

MATERIALISMO HISTÓRICO:

Os sem terra invadem a fazenda

Nessa perspectiva, encontramos uma abordagem interpretativa, no qual os sujeitos estão inseridos em lugares específicos do dizer, não sendo livre para dizer em qualquer circunstância e de qualquer modo. Assim, são baseados nas condições de produção do dizer, sendo influenciados pela relação histórica, social e ideológica. Nesse momento a língua é tida como a manifestação da ideologia.

FUNCIONALISMO:

Os sem terra, eles invadem a fazenda

Nessa perspectiva histórica do pensamento funcionalista encontramos como a língua funciona concretamente. É um sistema que procura analisar seu aspecto funcional por meio de um tópico e de um comentário. A língua, nesse momento é tida na organização enquanto o seu USO e INTERAÇÃO.
Dentro do Funcionalismo, temos a GRAMATICALIZAÇÃO FUNCIONAL, no qual vai referir-se a uma migração de uma classe de palavra para outra classe ou para dentro de uma mesma classe, ou seja, um lexema que assume determinada função numa frase pode deslocar esse sentido e construir outro no lugar.
Exemplo: Tomamos uma frase que tem a conjunção "e" com a função de adição:
Eu estava correndo e de repente eu cai.
Nessa oração encontramos o "e" como uma conjunção aditiva responsável por acrescentar mais uma ideia ao fato ocorrido. Agora tomo a mesma frase, porém com outra partícula que pode assumir a mesma função sintática.
Eu estava correndo ai eu cai.
Nessa oração o "ai" está assumindo a função de conjunção aditiva responsável em ligar os dois acontecimentos. Entretanto o "ai" é um advérbio de lugar que assumiu outra função sintática dentro da mesma oração analisada.
Assim, esse é o princípio do funcionalismo de que uma expressão pode assumir diferentes funções dependendo do uso que se faz da linguagem.





Referências:
-Anotações minhas feitas em sala de aula.

Heterogeneidade Discursiva segundo Jacqueline Authier Revuz

Sobre os estudos da análise do discurso, mais especificamente na terceira época da A.D, como ficou conhecida, desenvolveu-se os estudos de um sujeito heterogêneo, ou seja, um sujeito que é marcado pela interferência de outros discursos, no qual, denominamos de interdiscursos. Desenvolverei por meio desse espaço os conceitos formulados por Jacqueline Authier Revuz. Em suas análises, destacam-se dois princípios de se entender esse conceito.

Primeiramente temos a Heterogeneidade Constitutiva, no qual encontramos um discurso sendo atravessado por outros discursos referentes a mesma questão de análise. Assim, defende-se que é próprio dos discursos terem a interferência de outros discursos nos mesmos, estabelecendo, dessa forma, um discurso constituído por outras vozes*.

A Heterogeneidade Mostrada é outro princípio de estudo dessa estudiosa. Segundo ela, essa heterogeneidade mostrada se divide em duas formas: Marcada e Não-Marcada.
A heterogeneidade mostrada e marcada constitui-se por marcas explícitas do outro sujeito na fala do EU, ou seja, podemos perceber a presença de outras vozes discursivas no texto em análise. São exemplos dessa heterogeneidade: Discurso Direto, Citações, Itálico, Aspas.

Já a heterogeneidade mostrada não-marcada tem como princípio a não presença explícita de outros sujeitos, ou seja, a presença de outros sujeitos do discurso é um fato concreto e que nessa forma de análise temos a interferência de outros sujeitos de maneira implícita. São exemplos desse estudo: Ironia, estereótipo, alusão, clichê, imitação.







* O conceito de várias vozes (polifonia) será tratado, mais especificamente por Mikhail Bakhtin a partir dos estudos desenvolvidos sobre o romance de Dostoiévski, no qual, vai se referir a diferentes vozes em diferentes espaços sociais e históricos, caracterizando, dessa forma, os diferentes discursos que irão se remeter a um sujeito discursivo.




Referências:
-Anotações minhas feitas em sala de aula

Contexto Histórico do Materialismo Histórico Dialético

Durante o século XIX, desenvolveu-se a concretização da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial, responsável por descrever um novo modelo de sociedade, contribuindo, dessa forma, para as desigualdades sociais que se implantou com esse sistema. Como representante crítico destacou-se Karl Marx. Segundo suas teorias, elaborou uma nova concepção filosófica do mundo, o “materialismo histórico e dialético”, fazendo críticas da sociedade em que vivia. Marx em seus trabalhos buscou bases filosóficas para estabelecer o Materialismo Histórico Dialético.O Materialismo refere-se a um pensamento que não nasce conosco, mas é estabelecido e construído pela relação social, ou seja, trata-se da relação com exterior, na materialidade.
Nesse contexto, temos a ocorrência materialismo histórico ( análise do discurso) voltado para as questões da Ordem do Enunciado, no qual é regida por princípios de controle e rarefação dos discursos, ou seja, nenhum sujeito é livre para falar qualquer coisa em qualquer circunstância, mais especificamente um controle do dizer.
Assim, encontramos Mikhail Bakhtin que defende que quando um sujeito produz determinados enunciados, o mesmo está se constituindo, mostrando-o como sujeito. Diferentemente acontece com os princípios defendidos por Karl Vossler. Esse estudioso inferia que a linguagem é subordinada aos sujeitos, numa relação de onipotência.

Referências:
- Anotações minhas feitas em salas de aula